Lendo a Bíblia Como Obra Literária. I Parte


Gostaria de realçar neste e em mais dois artigos posteriores, três formas de olharmos para este livro, ao qual deu-se o nome de Bíblia, basicamente pelos 66 livros que o constituem, formando assim um único livro, transmitindo a idéia de ser também uma mini-biblioteca.

Este Livro é amado por alguns, odiado por outros e ignorado por muitos

UM OLHAR LITERÁRIO
Ao achegarmo-nos à Bíblia desta forma, com este olhar, não é de maneira nenhuma alguma profanação ou sacrilégio(acto de profanar coisas santas), antes muito pelo contrário, porém é necessário realçar que esta não é de forma nenhuma, o desejo primário de seu Autor- Deus, pois como em outro artigo veremos há neste livro benefícios muito mais excelentes do que lê-lo apenas e só, numa perspectiva literária.
Como boa obra literária que é, há necessidade de realçarmos e evidenciarmos algumas coisas que provam nesta área a excelência deste livro. Assim temos:

a) Como boa obra literária, contém um apelo universal
Não se restringe apenas a uma cultura, a um povo, a uma etnia, mas é uma obra que todos podem ler. Sendo assim tão abrangente, poder-se-à dizer que tanto fala a um só indivíduo, como a toda a humanidade, ou seja, tem tanto de particular quanto geral. Isto é depreendido principalmente nos escritos neotestamentários, ou seja, na secção dos Livros do Novo Testamento, não retirando de maneira nenhuma ao Antigo Testamento, seu valor e importância.

b) Como boa obra literária, é simples e compreensível na maioria de suas passagens
Sua escrita é bastante fluida para que todos que a lêem a possam entender. Isto não significa que nós entenderemos tudo, pois também “há pontos difíceis de entender”, como nos afirma a própria Escritura(2Pd.3:16). Porém o mesmo acontece em todas as grandes obras literárias. Isto deve-se essencialmente a possuirmos um conhecimento limitado da obra tanto no sentido social como cultural da época e assim sendo desconhecemos muitos pormenores do ambiente envolvente aquando esta foi escrita. Isto no entanto, jamais a priva de sua simplicidade.

c) Como boa obra literária, é rica na sua constituição gramatical
Como grande obra literária, encontramos grandes ensinamentos em termos de figuras de estilo, que perfeitamente se encaixam no ensino e na riqueza de nossa língua lusitana. Evitando entrar em suas explicações e próprias referências Bíblicas, pois este não passa por ser meu particular objectivo, passo a enumerar algumas das muitas figuras de estilo:
Metáforas, hipérboles, ironias, prosopopeia ou personificação, parábolas, antíteses, alegorias, fábulas, enigmas, símbolos, pleonasmos, etc.
Como boa obra literária é também enriquecida por diversos estilos literários tais como: História de origens, história heróica, tragédia, drama, sátira, poesia, poema epitalâmio(poema ou hino nupcial), elegia(poema em que predomina a tristeza, por causa do amor ou morte), encómio(poema em louvor de uma qualidade ou sentimentos tais como: o amor e a sabedoria), provérbios, epístola, oratória, escritos visionários ou escatológicos, etc.

d) Como boa obra literária, está cheia de ensinamentos morais.
Isto em nossos dias realmente faz falta. Quando vemos tanta literatura a proliferar em nossa sociedade que incitam as pessoas, principalmente a juventude, a seguirem e a possuírem maus padrões de vida, entrando em situações por vezes de risco, obscuras e até satânicas. Se há um pensamento que diz que a pessoa é o que come, com certeza podemos fazer a devida aplicação ao tipo de literatura que habitualmente se lê. As leis morais reflectem as nossas atitudes para connosco e para com o nosso semelhante e estas também estão bem deturpadas como entendemos e vemos.
Um critico literário, Northrop Frye asseverou: “A Bíblia forma o estrato mais básico no ensino da literatura...”

É sabido e escrito que a base da constituição Americana no que refere ao sistema de educação foi baseado em padrões bíblicos. Estima-se que 87% das primeiras 119 faculdades fundadas nos EUA foram criadas por cristãos, com o fim de educar a juventude na fé cristã. Infelizmente este objectivo foi sendo pouco a pouco sacrificado em prol de outros interesses.

Ainda hoje nas Universidades portuguesas(e não sei, se só) no curso de Direito, os alunos são levados a estudar algumas leis bíblicas principalmente no livro de Deuteronómio. Logicamente quando falamos em estudar não é no sentido mais elevado, o espiritual, mas sim como uma obra que em si está recheada de bons princípios morais. Daí são “extraídas” as leis referentes ao cuidado do benefício do próximo. Também é estudada as leis do direito, as quais se assemelham muito aos dez mandamentos. É analisado também, muitos dos escritos de Paulo principalmente os incidentes sobre a lei Judaica. Estuda-se também a Lei, a transgressão e o devido castigo punitivo, onde há fortes bases, apoiando a nossa actual lei portuguesa.

Conta-se aquando de uma determinada visita de um embaixador africano à Inglaterra, sendo este apresentado à Rainha Vitória, (reinou 64 anos a partir de 1837, época de maior esplendor deste país), este fez-lhe uma pergunta encomendada de seu soberano: “Qual é o segredo do poder e do sucesso que seu país apresenta no mundo?”
A Rainha, então, pegando a Bíblia que estava sobre a sua mesa, respondeu: “ Diga ao Príncipe de seu país que este livro é o segredo da grandeza da Inglaterra”.

e) Como boa obra literária, assume em seu palco personagens reais, em cenários reais e em tempos reais.
Encontramos na Bíblia pequenas biografias de pessoas reais e quando digo isso, refiro-me a pessoas que apesar de serem consideradas grandes heróis na fé e não só, nestas biografias também são referidas suas fraquezas. E que fraquezas! Ao contrário das biografias pessoais que constantemente são editadas e que enchem as prateleiras das livrarias, onde de capa a capa é quase um país das maravilhas. Neste sentido penso que, qualquer semelhança com a realidade podemos dizer: É pura coincidência.

Quanto aos cenários, podemos dizer que todos aqueles que por exemplo, já foram a Israel ou até mesmo à Turquia, melhor do que ninguém podem atestar e asseverar isto. Embora certos nomes mudassem, o que é normal passados no mínimo quase 2000 anos, o lugar geográfico está lá como prova, nem que sejam umas simples pedras, elas ainda hoje dizem que a Bíblia é real e seu testemunho é verdadeiro.

Quanto ao tempo, mesmo a própria história secular, à parte da própria Bíblia pode confirmar que os tempos mencionados não são de maneira alguma abstractos, mas reais.

Isto sem dúvida é bastante estimulante para nós, como leitores, que facilmente podemo-nos identificar com tudo aquilo que estamos a ler.

Conclusão:
A Bíblia é considerada como um “best-seller” em termos de traduções e vendas. Segundo o que pude apurar está traduzida em mais de 1000 línguas incluindo dialectos. Alguém disse o seguinte: “A Bíblia é um livro escrito por quarenta pessoas, traduzido por centenas, impresso por milhares e lido por milhões.”

A Bíblia tem servido de inspiração a muitos outros escritores seculares, que em suas obras e para suas obras vão beber dela. Entre estes está o famoso inglês poeta e dramaturgo, autor do célebre romance Romeu e Julieta, William Shakespeare(1564-1616), onde em suas obras há imensas referências arrebatadas da Bíblia. Um escritor brasileiro poeta , filósofo e estudante de direito- Tobias Barreto (1839-1889) , afirmou: “A Bíblia é um modelo de tudo quanto é belo e bom...”

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