Conversão do Apóstolo Paulo
Ilustração de Gustave Doré
A própria palavra «tradição» provém de um vocábulo hebraico que significa: "transferir", "entregar".
Podemos definir tradição como: um processo em que certas normas e princípios morais, espirituais ou de outro género são transmitidos, são passados de uma geração para as outras gerações.
Isto acontecia com o povo de Israel, porém de uma forma positiva e por expressa ordem de Deus (Dt.6.20-25, Js.24.2-13)
Na verdade estas mesmas tradições foram se tornando motivo de ostentação por parte de Israel e às tradições divinas foram sendo acrescentadas com o passar dos anos outras tradições humanas, que à parte da bíblia formava o Talmude. Jesus certa vez disse aos escribas e fariseus chamando-os à atenção, que com suas tradições estavam invalidando e transgredindo os mandamentos de Deus (Mt.15.2,8,9, Cl.2.8). Aqui Jesus se depara com uma acusação que passa pelo facto dos discípulos não lavarem as mãos quando comiam pão.
Isto também revela que certo tipo de tradições poder-se-ão tornar uma barreira à execução dos mandamentos divinos. Há dados seculares que referem a importância e as consequências que uma pessoa poderia vir a sofrer nas mãos destes tradicionalistas por não lavar as mãos antes das refeições. Esta tradição era puramente humana e nada tinha a ver com os mandamentos de Deus.
Isto também revela que certo tipo de tradições poder-se-ão tornar uma barreira à execução dos mandamentos divinos. Há dados seculares que referem a importância e as consequências que uma pessoa poderia vir a sofrer nas mãos destes tradicionalistas por não lavar as mãos antes das refeições. Esta tradição era puramente humana e nada tinha a ver com os mandamentos de Deus.
O orgulho era tal, que tais pessoas confiavam em sua génese abraãmica para assim serem chamados filhos de Deus (Jo.8.32,33,39-42), como se para ser filho de Deus fosse uma questão puramente genética ou hierárquica, ou esta filiação a Deus passasse de geração em geração como acontecia com as suas vãs tradições.
Paulo a este respeito menciona o facto de não ter consultado “a carne e o sangue” a respeito da sua salvação, o que indica uma posição e decisão pessoal sendo que as tradições nenhuma contribuição deram no sentido de ele sentir ou gozar a salvação na pessoa de Jesus Cristo (Gl.1.15,16).
Não são raras as vezes que quando se fala a alguém para ouvir o Evangelho nos apresentam esta “declaração de fé”: «O meu pai e a minha mãe já eram e seguiam o que eu sigo, não vou agora sacrificar as minhas tradições».
Paulo, Um Exemplo Tradicionalista
Não há dúvida que Paulo era extremamente zeloso das tradições de seus pais, como ele mesmo afirmou (Gal. 1.14). Ele era descendente de uma família hebraica tradicional (2Cor.11.22). Foi ensinado por Gamaliel, um mestre renomado (At.22.3).
Zelo é algo que revela um comprometimento de uma pessoa com ou por uma causa. Este zelo poderá ser positivo ou negativo. Paulo diz que os seus irmãos judeus (assim como ele no passado), tem zelo de Deus mas este zelo é sem entendimento revelando também a necessidade de Israel se converter a Cristo(Rm.10.1,2).
Neste zelo, ele chegava a perseguir a Igreja de Jesus Cristo sobremaneira, inclusive assistiu à morte de Estevão consentido com a mesma, o que daí se subentende que ele teria autoridade para fazer parar tal ataque de morte mas não o fez, e isto em nome da tradição (At.7.58, 8.1; 9.1; 22.4,5, 1Cor.15.9, Gl.1.13, 1Tm.1.13).
Jesus chega a dizer aos seus discípulos, que eles seriam perseguidos e mortos e que os que lhes fizessem tal mal, pensariam fazer um serviço a Deus (Jo.16.2). Não há dúvida que Paulo se apresentava de tal forma extremista defensor das suas tradições judaicas, que também perseguia e matava em nome de Deus e no seu zelo.
Não há dúvida que já houve e continua a haver massacres e até verdadeiros genocídios em nome da defesa das tradições podendo ser estas religiosas ou não.
Paulo tinha várias coisas positivas que tradicionalmente e humanamente lhe oferecia alguma segurança, vemos este quadro descritivo em Flp.3.4-6:
- Era circuncidado ao oitava dia
- Era da linhagem de Israel
- Pertencia à tribo de Benjamim
- Era hebreu de pais hebreus
- Era fariseu
- Era zeloso e neste zelo perseguidor da Igreja (como já mencionado)
- Segundo a Lei, irrepreensível
Todas esta honras elevadamente cobiçadas, depois de ele ter um encontro com Cristo a caminho de Damasco, e de ter uma conversão de coração alma e vida passa a ter uma visão completamente divergente, afirmando: “O que para mim era ganho reputei-o por perda por Cristo…e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo” Flp.3.7,8b
Paulo estava defendendo o judaísmo, que não foi inventado por homem algum mas sim dado pelo próprio Deus a Moisés, porém ele diz que foi salvo não pela justiça da lei, mas sim pela justiça que provém da fé em Cristo (Flp.3.9). Assim sendo, Paulo estava rompendo em certa medida com uma tradição com cerca de 1500 anos, desde que a Lei fora dada a Moisés.
Nem Tudo é Mau, Mas...
Há tradições que são boas e estas devem ser conservadas, não há dúvida (2Tess.2.15; 3.6)
Todos nós somos proprietários de tradições na nossa vida e no nosso quotidiano porém cometemos pecado quando nos agarramos às mesmas como sendo tábua de salvação e pior – queremos impingir também aos outros, levando-os a crer se assim não fizerem, já estão condenados ao fogo do inferno!
Confiarmos nas tradições poderá assemelhar-se a nós pensarmos e estarmos convictos que algo está limpo em nossa casa porém ao entrar a luz do sol incidindo sobre determinado objecto, concluímos quantas partículas de sujidade esta ainda possui. Assim é nossa vida enquanto estivermos longe da luz – Cristo, jamais nos iremos aperceber quão sujos estamos, e outrora até pensávamos que não! Como diz um hino: «Deixa penetrar a luz».
Em Isaías 29.13 diz: “…Pois este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído”
Ora isto não é mais do que tradições que vão passando de geração em geração sem que cada pessoa sinta realmente o que está a fazer, ou seja, tudo o que sabem e aprendem é de forma mecânica e logicamente que Deus sentia e sente esta frieza por parte das pessoas.
A tradição leva-nos a nós não adorarmos e buscarmos a Deus de forma racional, como assim Ele deseja (Rm.12.1).
Prezado amigo e irmão, tens vivido e agido como um tradicionalista ou és salvo?
Ora isto não é mais do que tradições que vão passando de geração em geração sem que cada pessoa sinta realmente o que está a fazer, ou seja, tudo o que sabem e aprendem é de forma mecânica e logicamente que Deus sentia e sente esta frieza por parte das pessoas.
A tradição leva-nos a nós não adorarmos e buscarmos a Deus de forma racional, como assim Ele deseja (Rm.12.1).
Prezado amigo e irmão, tens vivido e agido como um tradicionalista ou és salvo?
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